terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Maria dos Pacotes ou Carlota Edith Barbieri

Maria dos Pacotes ou Carlota Edith Barbieri
Faleceu no dia 06 de Janeiro de 2009 com 84 anos , quem conheceu esta Senhora e teve o privilégio de conhecer  o seu Olhar , não a esquece. Abaixo transcrevemos uma matéria de Edu Cerione e uma Cronica de Regina Kalman

Maria dos Pacotes ou Carlota Edith Barbieri

Maria dos Pacotes ou Carlota Edith Barbieri
 
 
Morreu nesta terça-feira (6), aos 84 anos, Carlota Edith Barbieri. Era conhecida como a Maria dos Pacotes, personagem urbano que povoou as histórias da cidade de Jundiaí em meados da década de 60.









Passou os últimos anos numa pensão no centro da cidade. Carlota não chegou a se casar, andava sempre com o jornal que trazia o edital da cerimônia eternamente adiada.
O editor do Jornal Bom Dia , Edu Cerioni, foi impecável no texto publicado nesta quinta (8).
Edu Cerioni
Mito na cidade, morre Maria dos Pacotes
Carlota Edith Barbieri adotou um estilo de vida que assustava muita gente
Jundiaí perdeu Carlota Edith Barbieri. Foi enterrada terça-feira uma cansada mulher de 84 anos, que vivia na cama há quase uma década, vítima de atropelamento. Foi-se a idosa frágil e de brilhantes olhos azuis. Ficou o mito eternizado no apelido Maria dos Pacotes.
Qualquer jundiaiense na faixa dos 40 anos lembra daquela pedinte que vivia pelas ruas carregando tudo o que ganhava. Tudo mesmo. De um bife frito a roupas, ela embrulhava qualquer coisa que passasse por suas mãos e arrastava até sua casa. Onde? Isso ninguém sabia dizer.
Nos últimos anos, Maria dos Pacotes vivia em uma pensão no Centro, onde morreu. Sob o colchão, o velho jornal da década de 60 que exibia o edital de seu casamento nunca realizado.
Diz a lenda que Carlota se tornou Maria dos Pacotes no final dos anos 60, ao ser abandonada no altar. Os pacotes representariam os presentes que o casal havia recebido e que ninguém sabe o paradeiro.
Ela adotou um estilo de vida que assustava muita gente. E era uma mulher brava, que não levava desaforo sem dar o troco. “Uma vez ela correu atrás da minha irmã até em casa e, lá, jogou um monte de coisas na porta, xingando muito”, recorda o mecânico Ronaldo Damásio, 45. “Todo mundo tinha medo dela.”
José Renato Forner na peça Maria e os pacotes
José Renato Forner na peça Maria e os pacotes
Em 2007, o ator José Renato Forner  interpretou-a como personagem na peça “Maria e os pacotes”, de Marcos César Duarte e direção de Mário Rebouças. O texto faz uma metáfora com os pacotes que a andarilha carregava e mostra o quanto foi emblemática a atitude de empacotar os sonhos, as frustrações e os desejos.
A história de Carlota se parece com aquelas da ficção, cheias de sentidos e entrelinhas, que nos colocam diante de nós mesmos entre as perguntas mais óbvias e as mais complexas.
— O que carrego nos meus pacotes?
— Qual história estará sob meu colchão no dia da minha morte?





http://francazona.wordpress.com/page/3/







MARIA DOS PACOTES, A FIGURA E O MITO


             A Maria dos Pacotes, uma figura enigmática que perambulava nas ruas da cidade, chamava a atenção pela sua figura franzina e ao mesmo tempo tão cheia de vida.
Andava pelas ruas levando seus pacotes, com roupas surradas e um olhar penetrante. Não era mendiga nem pedinte, era uma  senhora que tinha personalidade e não gostava quando alguém a abordasse, principalmente com deboche. Reagia com violência e gritaria, sem no entanto, a gente entender o que falava exatamente. Isso aconteceu por diversas vezes em que a vi e tirei fotos dela.
            Diziam que aceitava comida ou cigarros, dos que cruzavam  por ela, mas não dinheiro. Coisas que se ouvia falar, eram tantas que entrou no imaginário da cidade.

             Essa  perambulante  segurava vários pacotes de jornais? Sabemos lá. Mas que chamava a atenção. A gente se  encantava com essa personagem que nos levava a imaginar por que assumiu essa vida, já que tinha família e um lugar para ficar.
            Ouvia- se dizer que acabou assim por que o noivo a deixou no altar, e depois disso ‘pirou’. Outros contavam diversas histórias, inclusive que guardava seu enxoval nos ‘pacotes’, que eram os ‘pedaços de sua vida’.
            Por diversos lugares a gente esbarrava com a Maria dos Pacotes,  com sua pequena estatura de um olhar , quase sempre distante, parecia estar em outro mundo, outra realidade.

            Certa ocasião, uma senhora a acolhei em sua residência para lhe dar abrigo, comida  e queria lhe dar lições de evangelização.  Isso durou pouco tempo, pois a Maria não se sujeitava a um banho, a uma ordem, às regras. Simplesmente fugiu para o que queira: ter liberdade de perambular pelas ruas.

            Personagem típico que acabou incorporando-se  à paisagem urbana.
            Um dia, sua foto apareceu nos jornais dizendo que a Maria dos Pacotes foi atropelada e que passava seus dias isolada no fundo de um quartinho no fundo da casa de sua família, e que estava abandonada ao seu destino
,tanto rastro como a Maria e seus pacotes.
           Inspirou artistas, escritores (  numa crônica ‘Maria dos Pacotes’, de Lygia Guião Maroni in “Anseios e Devaneios’. Tornou-se o motivo de um monólogo ( Maria e os pacotes’ de Marcos César Duarte).
          Assim, foi a Maria dos Pacotes carregando seus pacotes, e  agora, no outro espaço do além.
          Foi-se um ser humano, surgiu um Mito. sem ser cuidada como uma idosa deveria. Teve até boletim de ocorrência e a vistoria de policiais para verificarem a veracidade do assunto. Depois disso, virou lenda.
Diziam que era de origem russa, que falava russo e inglês e que fora abandonada no altar. Isso parecia uma lenda, que no entanto pode ter sido real, pois foi achado jornal na sua cama, após sua morte recente 5 de janeiro de 2009.

Agora, depois de muito tempo, a notícia de sua morte nos jornais locais, mostraram que a senhora de 84 anos, com o nome de Carlota Edith Barbieri, tinha uma história real e que viveu o drama da rejeição no amor, na amizade e quem sabe o que mais. Acharam um jornal de 1960, após sua morte, na cama onde estava deitada com notícias do seu drama de rejeição amorosa, que , segundo boatos, foi o motivo de seu problema de desajuste social.
Para os que a conheciam como a mulher dos pacotes, daí o apelido de ‘Maria dos Pacotes’, não importa a vida da Carlota, mas a personagem perambulante que seguia pela ruas centrais, e que até se tornou o ‘bicho papão’ usado pelas mães para assustar as crianças desobedientes. No entanto, Maria não assustava ninguém, mais despertava a curiosidade , a piedade ou outros sentimentos dos que a conheceram, ou simplesmente, ouviram falar dela.

Foi-se Carlota Edith Barbieri, ficou a lenda da ‘Maria dos Pacotes’ no imaginário popular, como um personagem que se incorporou nas histórias locais, como outros, que também se foram, mas não deixaram

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   No catálogo da II Exposição Individual de Fotografias de Regina Kalman, em 1981,  na Imagem , Oficina de Fotografias Ltda.,  a foto “Maria dos Pacotes’ foi assim ilustrada:



                    “ Nas ruas  estreitas e tortas da cidade
                       Entre carros e pedestres apressados,
                       vai a Maria carregando seus pacotes.

                       São embrulhos de diversos tamanhos.
                       O que trazem?
                       Ninguém sabe...

                        Só que eles, e sua dona,
                        ficaram famosos,
                        pois tornaram-se parte da paisagem.”

                         (Regina Kalman, Jundiaí, 1981).


Cronica de Regina Kalman   http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/1838167___
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Um comentário:

  1. ALGUMAS FIGURAS NA CIDADE FICARAM TÃO CONHECIDAS PELOS SEUS APELIDOS QUE O NOME FICOU EM SEGUNDO PLANTO.
    MUITO CONHECIDA COMO PERAMBULANTE NAS RUAS DA CIDADE, ESSA FIGURA SE MISTUROU COM O FOLCLORE E AS PERSONALIDADES MAIS CONHECIDAS DE JUNDIAÍ.

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